1 de abr. de 2009

Sobre a vivência com os moradores em situação de rua da Baixada do Glicério



O espaço ao redor



Morar é pertencer a um lugar.
Confrontando pensamentos e posturas perante o mundo, e o “ser e estar” no mundo, aprendemos pouco a pouco a derrubar barreiras, reformular pensamentos e lutar para que o novo entre em nossas vidas através do contato, da vivência e até mesmo a distância entre os mundos, ao chegarmos nas nossas casas, à qual pertencemos e sem esquecer o que foi vivido do outro lado do muro, que é a situação de carência e decadência.

Quando nos aproximamos de uma realidade à qual não pertencemos, passamos pelo processo de descoberta externa e interna. Sem meros apelos, a situação a qual muitos se encontram, é notavelmente constrangedora, tocante, intensa.

Domina nossos sentidos, nos desapropria da solução e ao mesmo tempo nos faz entender que mais importante que a cura, é o “cuidado” e o olhar sempre atento a tudo o que queremos mudar.

A vivência com pessoas brilhantes que se encontram em condições de pobreza e decadência, só faz aumentar a percepção do quanto o se sentir, pertencer, é importante para que o pré-conceito nunca seja base das nossas atitudes. Pertencer é ser como o outro, se sentir e compartilhar o que queremos mudar e o que iremos fazer para que o desejo seja praticado dia após dia.


“A cortesia é a maior expressão do sentimento de igualdade”. (Vera Teles)


Mudar é mais que um ato, é uma atitude que temos que exercer tais como nossas necessidades. Agindo vamos mudando o mundo, e o mundo nos transforma.



Compartilhar foi com certeza o nosso maior sucesso, trocamos palavras e silêncio, revolta e o querer lutar constantemente para que o que já existe, tenha oportunidade de não serem mais invisíveis a muitos olhos, que camuflam a nossa realidade. Os guerreiros de rua, batalhadores, carentes dependentes em situção, jamais serão os mesmos para nós.

O presente foi o “nosso olhar”, novo adiante, e perseverante, da realidade da - “vida sofrida” (Fernando, morador em situação de rua.) - que levam esses homens, que querem “comer, fazer a barba e ir ao cinema com a esposa e a filha” (Damião, 46 anos, morador em situação de rua).

Agradecemos aoartista, ex-morador, e grande homem, Sebastião (Tião), ao moradores em situação de rua que nos ajudaram muito e nos presentearam com um novo olhar perante essas questões e aos membros da Associação Minha Rua Minha Casa pela atenção ..






3 comentários:

  1. Os outros e seus espelhos, os multi-olhos e multi-ouvidos do estar junto e ser afetado pelo encontro, as poesias e risadas tão em sua própria língua, as conversas retrocadas nos lembram que vão tecendo a teia do estar com, estar para, estar contra: só se vive com reciprocidade... quero estar sempre perto de você, inspiração

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  2. deu até orulho pelo lindo e essencial texto e por experiência tão rica, jana! me lembrou uma reportagem que fiz com carroceiros, gente incrível, grandes guerreiros.
    continua, belo blog! mas muda o fundo, porque fundo preto cansa, tenta um modelo com fundo branco.
    abração!
    zé prof

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  3. Olá Janaina tudo bem?
    Estava fazendo uma pesquisa monografica sobre a formação de arte-educadores e acabei vendo o overmundo e encontrando você!
    Gostaria muito, se possível, trocar informações contigo...
    Também sou nordestina de São Luís/MA faço faculdade de Artes na UFMA tenho algumas postagens neste blog http://lucianabraga-loucosporarte.blogspot.com

    Abraços,Luciana Braga.
    Gostei das postagens e da forma lírica como se expressa.

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